RELATÓRIO STERN

O Relatório Stern é considerado o estudo mais completo publicado até hoje sobre os aspectos econômicos envolvendo a mudança do clima no mundo. 

A estimativa do Relatório é que os riscos de mudanças climáticas sem controle podem ameaçar 20% do PIB mundial ou mais. Em contraste, os custos de ações para se reduzir emissões de gases do efeito estufa podem ser limitadas a 1% do PIB global a cada ano.  As pessoas pagariam um pouco mais por produtos com uso intensivo de carbono, mas as economias mundiais poderiam continuar a crescer em ritmo forte.

Se não tomarmos ações para controlar as emissões, cada tonelada de CO2 que emitimos hoje está causando estragos na ordem de 85 dólares - mas os custos não estão inclusos quando investidores e consumidores tomam decisões sobre como gastar seu dinheiro.  Esquemas de comercialização de reduções de carbono equivalente demonstram que existem muitas oportunidades para se cortar emissões por menos de 25 dólares a tonelada. Em outras palavras, a redução de emissões nos deixará numa posição mais vantajosa. Os benefícios da mudança da economia global para um caminho de baixo uso de carbono podem chegar ao longo do tempo a 2,5 trilhões de dólares por ano.

Essa mudança também traria grandes oportunidades. Mercados de tecnologias de baixo uso de carbono valerão pelo menos 500 bilhões de dólares e possivelmente muito mais, por volta de 2050 se o mundo agir na escala necessária. Combater a mudança do clima significa uma estratégia pró-desenvolvimento; ignorá-la subtrairá definitivamente o crescimento econômico.

ESTRATÉGIA CORPORATIVA PARA A ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

Para alcançar a meta de não elevar a temperatura média do planeta acima do limite de segurança de CO2, estabelecido pelo IPCC, a concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera deverá se estabilizar por volta de 450 ppm. Para esse fato ter uma maior probabilidade de ocorrer, as emissões de GEE terão de entrar em uma curva descendente a partir de 2015. Isso implicará em um enorme esforço tanto por parte das instituições privadas quanto por parte das públicas.

A transição para uma economia de baixo carbono é um desafio que exigirá mudanças profundas nos modelos atuais de produção, gestão, usos da energia/insumos e consumo. Entretanto, o processo de transição cria oportunidades para investimentos em inovação tecnológica, desenvolvimento de novos processos produtivos mais eficientes e criação de novos produtos. 

Dessa forma, o controle das emissões de gases de efeito estufa não é uma questão meramente ambiental imposta por atos regulatórios ou pressões sociais, também é uma questão imposta por pressões do mercado que demanda redefinição de estratégias corporativas a médio e longo prazo.

As mudanças climáticas entraram na agenda corporativa para se tornar um dos mais importantes fatores que afetam o ambiente de suas operações. No Brasil, isso pode ser observado pela intensificação da criação de políticas públicas, em âmbito local, demandando ações relacionadas a restrições de emissões de GEE como, por exemplo, a instituição da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) que visa, sobretudo, à redução das emissões antrópicas de GEE em relação às suas diferentes fontes.

Da mesma forma, empresas com atuação global já são afetadas fortemente pelos desdobramentos das Mudanças Climáticas, tanto do lado da oferta/demanda de seus produtos no comércio internacional como pela expansão geográfica dos seus negócios.
http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/~rmclima/pdfs/destaques/PDF_resumo_executivo.pdf