30 ANOS DA USINA DE ITAIPU

Dia 5 de maio próximo a usina hidrelétrica de Itaipu – maior geradora de energia limpa e renovável do planeta – comemora 30 anos do início de operações no rio Paraná, divisa entre Brasil e Paraguai. No dia 30 de dezembro último, suas dezoito turbinas registraram mais um recorde planetário com a geração de 98 milhões e 287 mil Megawatts/Hora, superando pelo quarto ano seguido a produção de sua grande rival, a hidrelétrica de Três Gargantas, cuja geração máxima atingiu 79,5 milhões de MW em 2009. 

A gigante chinesa, sobre o rio Yang Tsé, é a maior do mundo em capacidade de geração, mas desde que iniciou as operações não conseguiu superar a performance da binacional Itaipu, construída entre 1974 e 84, uma obra que se tornou ícone da indústria de grandes barragens e foi eleita uma das sete maravilhas da engenharia mundial pela Sociedade Americana de Engenharia Civil. 

Sua construção não apenas consagrou a excelência da engenharia brasileira, mas significou um momento fundamental para o crescimento brasileiro, ao demonstrar que a construção de grandes barragens para a produção de energia é perfeitamente compatível com a preservação do meio ambiente e com a melhoria das condições de desenvolvimento econômico e social da região em seu entorno. 

No período de pouco mais de uma geração, a população do município de Foz do Iguaçú, onde se localiza Itaipú, passou de 50 mil para 240 mil e vive hoje com uma renda per capita 25% superior à média brasileira. A monumental usina, além de fornecer 17% da energia que o Brasil consome, é um polo de turismo importante, atraindo meio milhão de viajantes que divide com as visitas às cataratas de Foz. 

É possível que alguns de nossos leitores mais jovens se surpreendam com a longevidade do debate em torno do dilema “desenvolvimento econômico ou preservação do meio ambiente”. Nos anos cinquenta do século passado, o tema já alimentava discussões na Universidade de São Paulo, com mais frequência na Faculdade de Economia – a FEA-USP.

Depois de duas décadas de abandono da vocação para as grandes usinas, o governo do presidente Lula pode neutralizar os temores de que haveria danos ao ambiente, criando as condições para as obras das três hidrelétricas amazônicas: Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira em Rondônia e Belo Monte, no rio Xingú, em território paraense. São elas que vão afastar a ameaça de um novo grande apagão – como o de 2001 - que fatalmente nos alcançaria já na segunda metade da presente década. 

Aos ecologistas mais ansiosos é bom lembrar que ainda estamos a meio caminho do objetivo de garantir aos brasileiros três refeições por dia e que isso vai exigir um forte aumento na produção de alimentos e na oferta de energia limpa do potencial amazônico, região que carece de desenvolvimento e não pode continuar a ser olhada pelos brasileiros como uma espécie de “colônia” do Sul. 

O autor é economista, ex-ministro da Fazenda