OCEANOS E COSTAS

O esgoto municipal, o lixo industrial e o mau uso dos ecossistemas costeiros tem tornado o lugar da contaminação pelo  petróleo como uma das maiores ameaças à vida nos oceanos. Cidades litorâneas geralmente despejam seus esgotos diretamente no mar, contaminando os ecossistemas marinhos. Poluentes industriais despejados nos oceanos reduzem a capacidade desses de manter a vida, prejudicando os níveis de oxigênio da água e afetando as frágeis cadeias alimentares. Fertilizantes químicos e pesticidas de zonas rurais e efluentes de cidades e das indústrias são transportados pelos rios que desaguam no mar, levando a uma contaminação marinha ainda maior. À medida que as populações humanas crescem em todo o mundo, o desenvolvimento das áreas costeiras danifica muitos dos mais produtivos habitats marinhos da Terra, incluindo baías florestas de mangues e recifes de corais.

Os oceanos formam enormes ecossistemas, que cobrem mais de 70% da superfície da Terra e exercem papel importante na manutenção dos sistemas que condicionam a vida, moderando o clima, e fornecendo proteínas, transporte, energia e emprego. Quando recursos marinhos são destruídos, efeitos que parecem ser locais podem ter consequências inesperadas em regiões distantes e em recursos "aparentemente" isolados.

Muitos efeitos não passam com o tempo. Dois terços dos 1,5 milhão de toneladas métricas de DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano), produzidas antes que seu uso fosse limitado, por exemplo, ainda permanecem sedimentados no fundo do oceano.

Sabemos que o tratamento do esgoto é caro. Ao invés de pagar por eles, muitos municípios litorâneos lançam esgoto e lixo sem tratamento no mar, mesmo que tal prática ameace a saúde pública, pântanos, estuários, recifes de corais e outras áreas de vida marinha de alta fertilidade.

A foto abaixo retrata esgoto e lixo derramado no rio a céu aberto, que desemboca na divisa dos municípios de João Pessoa e Cabedelo, na Paraíba, esta semana! Absurdo ver isso em pleno século 21, e tem um detalhe importante que acontece nestas duas praias (Bessa e Intermares), há ninhos de tartarugas ao longo da costa que são mapeados pelo projeto Tartarugas Urbanas da Associação Guajiru (http://www.guajiru.com.br). 



Vista das praias do Bessa e Intermares

Divisa das praias do Bessa e Intermares, municípios de 
João Pessoa e Cabedelo - PB
Vazante do rio que vem margeando favela, mangue e vai 
levando esgoto e lixo, muito saco plástico colocando em 
risco a vida das tartarugas que vem desovar ao 
longo da costa.

Saindo da América do Sul, Brasil e indo para Europa, na Polônia, o rio Vístula recebe tanta poluição que a água é poluída e corrosiva demais até mesmo para o uso industrial, e sabe onde ele deságua?  No Mar Báltico, na verdade o rio Vístula é apenas um de  tantos rios que desaguam no Mar Báltico.


Lembro que no tempo de minha primeira graduação 1991, já falávamos sobre a situação do Mar Báltico que era preocupante, pois os sete países bálticos já lançavam cerca de 15.000 toneladas de metais pesados, 70.000 toneladas de fósforo, um milhão de toneladas de nitrogênio e 50.000 toneladas de óleo e outros produtos tóxicos, por ano, dados fornecidos pelo Greenpeace em 1989. Grande parte do Mar Báltico estava biologicamente morta, a extinção ameaçava um grande número de espécies marinhas. Os custos econômicos e ecológicos da poluição das nações bálticas são enormes, e podiam obstruir o desenvolvimento econômico futuro. 

Precisamos entender que os oceanos são vulneráveis a muito mais do que apenas poluição. A pesca excessiva ameaça muitas das maiores  zonas pesqueiras do mundo. A destruição da camada de ozônio protetora da Terra pode danificar partes vitais da cadeia alimentar marinha e romper os sistemas que condicionam a vida no planeta. O aquecimento global causado pelo efeito estufa já esta levantando  os níveis dos mares e inundando regiões litorâneas(assunto de outra postagem),


Hoje os países bálticos são nove e essa situação ainda está longe de ser resolvida, atentativas são inúmeras, abaixo você pode constatar isso, e estamos torcendo que dê certo, porque o gerenciamento dos sistemas oceânicos não é responsabilidade de um único país, mas sim de todas as nações juntas. Peixes e poluição não respeitam fronteiras nacionais, e planos não coordenados de direção nacional tendem a fracassar. De acordo com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, "os efeitos do crescimento urbano, industrial, e agrícola...passam pelas correntes de água e ar de nação para nação, e através de complexas cadeias alimentares de espécies para espécies, distribuindo o peso do desenvolvimento, não os benefícios, tanto entre ricos como entre pobres".



Késia Veiga
kesiapb@gmail.com